PLANO DE VÔO: Águia ou avestruz?
Iniciar o ano com uma lista de boas intenções e propósitos não é, exatamente, um problema. É bom que tenhamos um tempo de auto avaliação para recalcular a rota, mirar melhor na direção que desejamos seguir, fazer uma pausa que nos inspire e fortaleça na nova etapa que se inicia.
O ponto chave, contudo, não deve ser o da produtividade por primeiro. Não devemos revisar nossa vida à luz dos conceitos modernos de eficiência: se trabalhei o suficiente, se li o suficiente, se pratiquei atividade física o suficiente. Não somos máquinas, evidentemente, e realmente não vivemos à luz das exigências (muitas vezes pouco orgânicas) do mercado de trabalho ou da sociedade tecnológica.
Qual deve ser, então, nosso critério?
Sempre Deus.
Poderia ter O amado mais?
O amado em minha vocação, em meu trabalho e afazeres, em meus estudos?
Poderia ter O amado mais nas pessoas do meu convívio, em mim mesmo, lhe dado mais alegria na utilização coerente dos bens e coisas que possuo?
A eficiência e produtividade dos aplicativos de organização, as agendas, as tarefas, as listas de boas intenções e propósitos, as metas de leitura e estudo, a busca por mais qualidade de vida por meio das atividades físicas, os relacionamentos humanos, a vivência da fé, tudo que irá nos permear em 2021, deve ter um único propósito: amar mais a Deus.
E por isso começamos o ano, aqui no Ignis Mariae Podcast, falando de nosso plano de vôo. Um plano de atuação para 2021, que deve nos aproximar mais de Deus e nos ajudar a vivenciar, de maneira mais sadia, nossa fé.
Mas resta perguntar: um plano de voo de águia ou avestruz?
Bom, sabemos que falta ao avestruz um osso importante em seu peitoral, que o impede de bater as asas no ar. Parece contraditório que eu elenque como uma opção de voo uma ave assim, mas não o é. Não devemos ser como os avestruzes: com asas mas incapazes de voar. A ele a incapacidade é orgânica, faz parte de sua natureza, não lhe resta opção senão não voar. E a nós: o que poderia nos impedir? O mesmo que nos tem feito esconder a cabeça no chão?
Nosso voo a de ser como o das águias. Dos 04 animais simbólicos que aparecem no Apocalipse (que representam os quatro Evangelistas), a águia é São João, cujo Evangelho é o que, teologicamente, evidencia com maior profundidade a natureza divina de Cristo – o seu início me é especialmente tocante – em meio à discussão filosófica do logos (levada a efeito pelos primeiros filósofos gregos - que novamente eram lidos no tempo da escrita dos Evangelhos) – é o próprio Verbo que se encarna. Qualquer filosofia só é boa quando torna evidente essa obviedade: todas as manifestações intelectuais se dobram ante o Verbo encarnado.
Nosso 2021 deve mirar, como as águias, para o alto – para O Alto. Não nos apequenemos com as dificuldades da vida, como fazem os avestruzes. Com a humildade de ser criação pequena de Deus, não tenhamos medo de mirar os altos ideais, de buscar metas que nos tornem mais santos, de voar (mesmo com quedas e receios naturais) em direção ao Deus de amor e de bondade.
O ninho já temos: Maria segue nos esperando em seu Santuário. Que nosso olhar mire a Deus – que nosso canto glorifique, em 2021, ainda mais o Senhor.
Avante!